Mais de 400 criminosos foram presos pelas forças de segurança no início da noite deste domingo (8) após os atos de vandalismo e destruição desta tarde, quando um grupo invadiu sedes dos Três Poderes – Câmara, Senado, Superior Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, durante atos antidemocráticos em Brasília (DF).
O número foi confirmado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. “Venho informar que mais de 400 pessoas já foram presas e pagarão pelos crimes cometidos. Continuamos trabalhando para identificar todas as outras que participaram desses atos terroristas na tarde de hoje no Distrito Federal. Seguimos trabalhando para que a ordem se restabeleça”, tuitou.
Quatro ônibus chegaram até a Polícia Civil de Brasília com manifestantes presos e algemados que invadiram e depredaram os prédios públicos. Os próprios ônibus que transportavam os criminosos estavam também parcialmente depredados.
Ao chegar ao prédio da Polícia Civil, o grupo iniciou os trâmites burocráticos para dar andamento à prisão, quando começarão a serem ouvidos. Não se sabe ao certo quantas pessoas estavam dentro dos quatro ônibus, por isso, o número de presos pode ainda aumentar.
O grupo foi preso na região da Praça dos Três Poderes pela Polícia Militar com apoio do Exército, que foi chamado para ajudar a conter a invasão.
Imagens mostram uma fila de presos descendo a rampa do Palácio do Planalto com as mãos algemadas. Há uma semana o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu a mesma rampa para tomar posse na Presidência, juntamente com o vice-presidente, Geral Alckmin.
Além da depredação do prédio – com vidros quebrados – também foram quebrados móveis e, de acordo com o analista de Política da CNN Gustavo Uribe, a escultura Bailarina, do artista brasileiro Victor Brecheret, e que ficava na Câmara dos Deputados, foi furtada. Um painel do pintor brasileiro Di Cavalcante foi esfaqueada.
O painel de votação da Câmara dos Deputados também foi destruído e o Salão Verde ficou alagado após princípio de incêndio no local. Além disso, presentes dados por autoridades estrangeiras foram roubadas.
Paulo Pimenta, ministro da Comunicação Social, mostrou em um vídeo a destruição de seu gabinete, como monitor de TV, obras de arte, equipamentos e computadores. “Uma coisa criminosa que foi feita aqui, e revoltante. Inacreditável o que os vândalos fizeram aqui”, descreve.
Os criminosos também derrubaram uma viatura da Polícia Legislativa Federal no espelho d’água do Congresso Nacional. Imagens do local mostram o carro com uma das rodas tombadas sobre a água, enquanto alguns participantes dos protestos tiram foto e apontam para o veiculo tombado.
Em entrevista à CNN, o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo disse que considera ter havido uma falha de inteligência que levou à eclosão dos atos antidemocráticos em Brasília neste domingo. “Nós sabemos que é possível acompanhar e controlar a vinda desses manifestantes até Brasília. Era possível saber as intenções desses manifestantes”, afirmou.
A inteligência “permite você padronizar a execução do controle de qualquer tipo de violência”, acrescentou o ex-ministro. Para ele, o que aconteceu neste domingo foi “um ataque às instituições”.
À CNN, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), líder do PT na Câmara dos Deputados, classificou os atos como golpistas e terroristas. O deputado também pediu investigação sobre o financiamento das manifestações. Ainda na entrevista, Zeca Dirceu defendeu que a polícia interrogue os participantes dos atos antidemocráticos antes que eles deixem Brasília e voltem para suas cidades de origem.
“Nossa sugestão é que nenhum ônibus saia de Brasília sem que o motorista seja interrogado e sem que se tenha acesso à lista de passageiros e, principalmente, quem pagou e quem organizou esse deslocamento até Brasília.”
O Ministério da Gestão informou que vai levantar os prejuízos financeiros gerados pela ação criminosa de grupos em Brasília. Em nota, o ministério de Esther Dweck informa que vai trabalhar para o ressarcimento dos valores junto aos responsáveis.
“O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos lamenta os atos antidemocráticos ocorridos neste domingo na capital federal e informa que irá fazer um levantamento dos danos ao patrimônio público para buscar ressarcimento junto aos responsáveis”, informa a nota.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, neste domingo (8), a decretação de intervenção federal no Distrito Federal, em resposta, aos atos antidemocráticos que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília nesta tarde.
A ordem vale até 31 de janeiro. De acordo com o decreto, o objetivo é “pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública”. O decreto nomeia Ricardo Garcia Cappelli para o cargo de interventor.
Ao decretar intervenção federal no Distrito Federal em resposta aos atos antidemocráticos que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília neste domingo (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os criminosos serão identificados e punidos.
“Eles invadiram, quebraram muitas coisas e, lamentavelmente, quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a Polícia Militar do Distrito Federal, que não fez. Houve, eu diria, incompetência, má vontade ou má fé das pessoas que cuidam da segurança pública do Distrito Federal”, avaliou o presidente.
Ricardo Capelli afirmou em suas redes sociais que está “cumprindo a missão” que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e garantiu que “ninguém ficará impune” após os ataques aos Três Poderes.
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu no início da tarde deste domingo a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. O pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal (STF). Torres, que foi exonerado neste domingo depois dos atos antidemocráticos em Brasília, foi ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL).
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber, classificou como “uma página triste e lamentável” da história brasileira os atos que, neste domingo, invadiram e depredaram as sedes do governo em Brasília e afirmou que a Corte irá trabalhar para punir “exemplarmente” os envolvidos. Rosa Weber também disse que o prédio histórico do STF, um dos edifícios saqueados pelos manifestantes, será reconstruído.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicou uma mensagem em suas redes sociais na qual afirmou que os financiadores dos “desprezíveis ataques terroristas à Democracia” realizados neste domingo serão responsabilizados”.
“O Judiciário não faltará ao Brasil!", disse o ministro.