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Brasil Em Brasília

Mais de 400 criminosos são presos por ataque aos Três Poderes

Quatro ônibus chegaram até a Polícia Civil de Brasília com grupo preso e algemado que invadiu e depredou prédios públicos

08/01/2023 22h33 Atualizada há 2 anos
Por: João Luis Gomes Fausto Fonte: CNN Brasil
Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais de 400 criminosos foram presos pelas forças de segurança no início da noite deste domingo (8) após os atos de vandalismo e destruição desta tarde, quando um grupo invadiu sedes dos Três Poderes – Câmara, Senado, Superior Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, durante atos antidemocráticos em Brasília (DF).

 

O número foi confirmado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. “Venho informar que mais de 400 pessoas já foram presas e pagarão pelos crimes cometidos. Continuamos trabalhando para identificar todas as outras que participaram desses atos terroristas na tarde de hoje no Distrito Federal. Seguimos trabalhando para que a ordem se restabeleça”, tuitou.

 

Quatro ônibus chegaram até a Polícia Civil de Brasília com manifestantes presos e algemados que invadiram e depredaram os prédios públicos. Os próprios ônibus que transportavam os criminosos estavam também parcialmente depredados.

 

Ao chegar ao prédio da Polícia Civil, o grupo iniciou os trâmites burocráticos para dar andamento à prisão, quando começarão a serem ouvidos. Não se sabe ao certo quantas pessoas estavam dentro dos quatro ônibus, por isso, o número de presos pode ainda aumentar.

 

O grupo foi preso na região da Praça dos Três Poderes pela Polícia Militar com apoio do Exército, que foi chamado para ajudar a conter a invasão.

 

Imagens mostram uma fila de presos descendo a rampa do Palácio do Planalto com as mãos algemadas. Há uma semana o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu a mesma rampa para tomar posse na Presidência, juntamente com o vice-presidente, Geral Alckmin.

 

Além da depredação do prédio – com vidros quebrados – também foram quebrados móveis e, de acordo com o analista de Política da CNN Gustavo Uribe, a escultura Bailarina, do artista brasileiro Victor Brecheret, e que ficava na Câmara dos Deputados, foi furtada. Um painel do pintor brasileiro Di Cavalcante foi esfaqueada.

 

O painel de votação da Câmara dos Deputados também foi destruído e o Salão Verde ficou alagado após princípio de incêndio no local. Além disso, presentes dados por autoridades estrangeiras foram roubadas.

 

Paulo Pimenta, ministro da Comunicação Social, mostrou em um vídeo a destruição de seu gabinete, como monitor de TV, obras de arte, equipamentos e computadores. “Uma coisa criminosa que foi feita aqui, e revoltante. Inacreditável o que os vândalos fizeram aqui”, descreve.

 

Os criminosos também derrubaram uma viatura da Polícia Legislativa Federal no espelho d’água do Congresso Nacional. Imagens do local mostram o carro com uma das rodas tombadas sobre a água, enquanto alguns participantes dos protestos tiram foto e apontam para o veiculo tombado.

 

Investigação

Em entrevista à CNN, o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo disse que considera ter havido uma falha de inteligência que levou à eclosão dos atos antidemocráticos em Brasília neste domingo. “Nós sabemos que é possível acompanhar e controlar a vinda desses manifestantes até Brasília. Era possível saber as intenções desses manifestantes”, afirmou.

 

A inteligência “permite você padronizar a execução do controle de qualquer tipo de violência”, acrescentou o ex-ministro. Para ele, o que aconteceu neste domingo foi “um ataque às instituições”.

 

À CNN, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), líder do PT na Câmara dos Deputados, classificou os atos como golpistas e terroristas. O deputado também pediu investigação sobre o financiamento das manifestações. Ainda na entrevista, Zeca Dirceu defendeu que a polícia interrogue os participantes dos atos antidemocráticos antes que eles deixem Brasília e voltem para suas cidades de origem.

 

“Nossa sugestão é que nenhum ônibus saia de Brasília sem que o motorista seja interrogado e sem que se tenha acesso à lista de passageiros e, principalmente, quem pagou e quem organizou esse deslocamento até Brasília.”

 

Prejuízos

O Ministério da Gestão informou que vai levantar os prejuízos financeiros gerados pela ação criminosa de grupos em Brasília. Em nota, o ministério de Esther Dweck informa que vai trabalhar para o ressarcimento dos valores junto aos responsáveis.

 

“O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos lamenta os atos antidemocráticos ocorridos neste domingo na capital federal e informa que irá fazer um levantamento dos danos ao patrimônio público para buscar ressarcimento junto aos responsáveis”, informa a nota.

 

Intervenção

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, neste domingo (8), a decretação de intervenção federal no Distrito Federal, em resposta, aos atos antidemocráticos que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília nesta tarde.

 

A ordem vale até 31 de janeiro. De acordo com o decreto, o objetivo é “pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública”. O decreto nomeia Ricardo Garcia Cappelli para o cargo de interventor.

 

Ao decretar intervenção federal no Distrito Federal em resposta aos atos antidemocráticos que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília neste domingo (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os criminosos serão identificados e punidos.

 

“Eles invadiram, quebraram muitas coisas e, lamentavelmente, quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a Polícia Militar do Distrito Federal, que não fez. Houve, eu diria, incompetência, má vontade ou má fé das pessoas que cuidam da segurança pública do Distrito Federal”, avaliou o presidente.

 

Ricardo Capelli afirmou em suas redes sociais que está “cumprindo a missão” que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e garantiu que “ninguém ficará impune” após os ataques aos Três Poderes.

 

Anderson Torres

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu no início da tarde deste domingo a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. O pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal (STF). Torres, que foi exonerado neste domingo depois dos atos antidemocráticos em Brasília, foi ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL).

 

STF

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber, classificou como “uma página triste e lamentável” da história brasileira os atos que, neste domingo, invadiram e depredaram as sedes do governo em Brasília e afirmou que a Corte irá trabalhar para punir “exemplarmente” os envolvidos. Rosa Weber também disse que o prédio histórico do STF, um dos edifícios saqueados pelos manifestantes, será reconstruído.

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicou uma mensagem em suas redes sociais na qual afirmou que os financiadores dos “desprezíveis ataques terroristas à Democracia” realizados neste domingo serão responsabilizados”.

 

“O Judiciário não faltará ao Brasil!", disse o ministro.

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